Teaser

IndependênciaS (2022)

Sinopse

O ponto de partida é 1808, quando duas travessias distintas cortam o Atlântico. Africanos escravizados desembarcam no Brasil. O príncipe regente Dom João VI e sua família se refugiam no Rio de Janeiro diante da ameaça representada por Napoleão Bonaparte. A colônia se transforma, reconstruída pela mão de obra escravizada, e revela a intimidade entre a elite, os traficantes de pessoas e a corte. Nos anos seguintes, a violência contra os povos originários eclode. Revoltas lideradas por heróis comuns, estudantes e políticos progressistas abalam a monarquia. Gritos de resistência, vindos de outros cantos do país, contrapõem o grito oficial de independência dado por um Dom Pedro I hesitante, em 1822. Levantes, espalhados por todo o país, contribuíram para a Independência e tiveram como líderes personagens até então apagados: Maria Felipa, Frei Caneca, Chaguinhas, Gonçalves Ledo, Antonio Carlos Andrada e Maria Quitéria.

Visão do diretor

Por Luiz Fernando Carvalho (2022)

Dom Pedro era herói mesmo? É uma falácia falar em Independência a partir de um único e oficial Grito do Ipiranga. Foram muitos os heróis e heroínas que lutaram por um projeto de nação mais livre e mais igualitário. Ao tentar responder essa questão surgem outros personagens, outros saberes, outros levantes, outros gestos. A ideia hegemônica de um gesto único de Independência ou Morte vai sendo derrubada a partir da crítica à cultura europeia que se instaurou no Brasil através de métodos tradicionais da época – invasor, violento, genocida e escravocrata – dentro de uma visão de opressores versus oprimido. 

O painel de país vai sendo construído pelas histórias de Maria Felipa, Chaguinhas, Leopoldina, os irmãos Bonifácio, Gonçalves Ledo e Antonio Carlos, Maria Quitéria, Frei Caneca, entre tantos outros heróis. 

Fizemos uma escavação em busca do passado, reencontrando fantasmas nas salas do império, colonialismo, violência social, autoritarismo e escravidão. Fantasmas que, infelizmente, ainda se manifestam no presente como prática arraigada. Sem esta reflexão sobre a constante atualização do colonialismo histórico e suas estruturas de poder, me parece uma falácia pensarmos a ideia de um futuro, um país mais belo e justo para todos.

O erro é acreditar que há um protagonista neste episódio da história do Brasil. O processo da Independência está longe de ser pacífico. Por todas as regiões do país, centenas, milhares de brasileiros lutaram e morreram nos anos anteriores e seguintes à Independência, como os rebeldes da Revolução Pernambucana, os heróis comuns assassinados na Batalha do Jenipapo e os revolucionários da Independência da Bahia.

O arco temporal da série vai de 1808, quando a família real portuguesa chega ao Brasil, até a morte de Dom Pedro I, em 1834. Estamos propondo uma reflexão sobre a aurora do século XIX. Estamos diante da colonialidade, sistema fundado pela modernidade. Logo, apresentamos a modernidade como uma sucessão de eventos trágicos. O despontar de uma era trágica.

A família real, em sua chegada, vai se associar a traficantes de escravizados e travar relações escusas que resultaram no Brasil de hoje. A construção política baseada no jogo de interesses que ainda hoje determina os caminhos do país já estava presentes nas relações entre a família real e a elite da época, a começar pelo palácio da Quinta da Boa Vista, que foi doado a Dom João VI por um dos maiores traficantes de escravizados do início do século XIX, Elias Antonio Lopes, o Turco.

Nosso presente está repleto de passado. Me parece fundamental essa ponte entre nossas fundações e os desdobramentos que ocorreram nos anos seguintes. O século XIX foi um período estrutural, marcando avanços e retrocessos com os quais lidamos até hoje. A história do Brasil sempre nos foi contada de forma romantizada, quando, na verdade, é trágica, bárbara, marcada por golpes e genocídios que precisam ser iluminados.

Sempre acreditei na função das TVs abertas, especialmente a TV Cultura, que são concessões públicas, veículos fundamentais e de imensa responsabilidade, capazes de abraçar uma missão maior, que é a de não se restringirem simplesmente a seduzir telespectadores, mas, sim, caminhando de mãos dadas com educação, contribuírem na formação dos cidadãos. Minha busca é por oferecer ao homem comum, simples e fraterno, uma televisão que privilegie a inteligência e a sensibilidade de todo um país, sem com isso abrir mão do espetáculo. Enxergo a dimensão que a televisão alcança, e tratá-la apenas como diversão me parece bastante contestável. Precisamos de diversão, mas também precisamos nos orientar e entender o mundo.

Parti da construção de um espaço não realista, vazio, minimalista talvez, com o mínimo de elementos possíveis, onde todos os personagens ocupam este mesmo espaço físico. Há uma negação do cenário descritivo, da hierarquia de classes e da reconstituição histórica, que, em si, já traz no seu bojo uma quantidade enorme de clichês. Gravamos em um espaço circular, que chamamos de “Cosmograma”, construído exatamente sobre o tablado onde os atores ensaiaram durante quatro meses. A partir deste conceito, essa dramaturgia se apoiou no valor da palavra e dos corpos, e os intérpretes tornaram-se mensageiros, num retorno à dramaturgia do ator. Neste sentido, é uma estética da urgência, em que o importante é a mensagem e a imaginação e é a partir destas que se dá a reflexão. 

Sinceramente eu não acredito que tenhamos alguma coisa para celebrar nestes 200 anos da Independência. Essa ideia de independência e até mesmo de nação me parece uma ideia incompleta. No meu modo de ver, se trata de um trabalho atual, não de época. Nosso presente está repleto de passado. Me parece fundamental fazermos essa ponte entre nossas fundações e os desdobramentos que ocorreram nos séculos seguintes. O século XIX foi um período estrutural, iniciando avanços e tragédias com as quais lidamos até hoje. A história do Brasil sempre nos foi contada de forma romantizada, quando, na verdade, é trágica, bárbara, marcada por golpes e genocídios que precisam ser iluminados. 

Por outro lado, nunca aprendi tanto quanto nesse trabalho sobre o país. Esta série me fez entender melhor minha trajetória, todos os meus trabalhos anteriores, minha busca por um diálogo fraterno com as potências das diversas culturas que habitam o Brasil. Grandes mestres atuaram como consultores neste trabalho, como a historiadora Ynaê Lopes do Santos (autora do livro Racismo no Brasil: uma história da formação do país), os escritores Kaká Werá Djecupé e Cidinha da Silva, o filósofo e músico Tiganá Santana e o professor de kimbundu Niyi Monanzambi. 

Há um espelhamento trágico do século XIX com o Brasil de hoje. O que a série apresenta não é uma reconstituição ou um conto de fadas sobre o período, ela vai na contramão radical dessa atrofia, mostrando, através de fragmentos o que nós podemos ser enquanto potência e força se nós reunirmos todos estes saberes e culturas que foram postos à margem em função de um modelo único civilizatório europeu e colonialista. Estamos em um território absolutamente rico de possibilidades, que poderia constituir uma grande confluência de culturas para produzir uma cultura brasileira legítima e ainda mais potente. 

No lugar deste entrelaçamento de culturas e potências, foi construído no Brasil um imenso apagamento de possibilidades, privilegiando a cultura hegemônica da civilização branca europeia. É um país que se desperdiça. A série propõe uma reflexão sobre a falência deste projeto hegemônico, e, ao mesmo tempo, afirma a possibilidade real, vívida, de acessarmos as diversas possibilidades que o país nos apresenta diariamente. Nós não estamos diante de uma ruína, como dizem muitos, no meu modo de ver, nossa tragédia é não conseguirmos enxergar essas diversas possibilidades, não conseguirmos reconhecer a importância dos povos originários e da cultura africana, não conseguirmos – desde o século XIX – aceitá-los inseridos em uma concepção de país, da qual eles sempre foram e serão os verdadeiros protagonistas.

A pergunta que fazia a mim mesmo todos os dias enquanto escrevia, filmava e editava e que me orientou foi: que País é esse? Os acontecimentos dos últimos anos, ocorridos no Brasil e no mundo exigem dos artistas uma reflexão radical, abrindo os olhos e o coração em relação à forma com que nos foi contada a história do país. Como resposta a esta reflexão, surgiu a necessidade de um olhar não oficial. Uma mensagem ligada à nova historiografia pede, necessariamente, uma nova forma que dialogue com as várias possibilidades de se compreender o mundo. 

Vídeos

Fortuna Crítica

22, set — 2022

‘Independências’ se apropria de efeméride sequestrada por discurso oficial

  • Esther Hamburger
  • Folha de São Paulo

“A série pop barroca convida a uma experiência sinestésica da biodiversidade brasileira, animal, vegetal, étnica, de gênero, religiosa, linguística, histórica, passado e presente. Uma nova dramaturgia para dar conta da nova historiografia”. 

 

Leia Mais

8, set — 2022

Um retrato anticelebratório

  • Cássio Starling Carlos
  • Carta Capital

A diferença que salta aos olhos, logo no primeiro episódio, é a restituição do papel das matrizes africana e indígena na constituição da identidade multifacetada do Brasil. (…) O excesso visual e o antinaturalismo, marcas de estilo, deram a Luiz Fernando Carvalho um lugar distinto na tevê. Agora, ele dá um passo mais largo e confronta o espectador com um país de extremos, admirado por seu imaginário abundante e, ao mesmo tempo, incapaz de se ver”

 

Leia Mais

16, set — 2022

Um grito de arte

  • Gabriel Priolli
  • Facebook

“Independências” está a anos-luz da desambição estética da atual telenovela e mesmo das séries brasileiras, que supostamente seriam uma evolução da progenitora. Não é produto de entretenimento, é obra de arte.”

Leia Mais

15, set — 2022

Nota 10

  • Patricia Kogut
  • O Globo

“Para “Independências”, série de Luiz Fernando Carvalho em exibição na TV Cultura. Antonio Fagundes e Ilana Kaplan estão maravilhosos. E o diretor, como sempre, usa uma linguagem inovadora e emociona.”

Leia Mais

6, set — 2022

‘Independências’, minissérie da TV Cultura, ilumina histórias do Brasil

  • Matheus Mans
  • Filmelier

“A minissérie em 16 capítulos mergulha nos diversos olhares da Independência do Brasil.”

Leia Mais

31, ago — 2022

IndependênciaS, o gesto godardiano de Luiz Fernando Carvalho

  • Rodrigo Fonseca
  • C7nema.net.

O primeiro episódio é um esplendor sinestésico. Esse capítulo abre-alas promove, na sua dramaturgia (a um só tempo barroca e pop), uma cartografia da indignidade humana imposta aos povos originários da Pangeia latina e aos escravizados africanos. É uma espécie de “La Chinoise” (1967), com toda a semiótica do Godard de ontem e de hoje”.

Leia Mais

1, set — 2022

Luiz Fernando Carvalho desconstrói o 7 de setembro na série Independências

  • Maurício Stycer
  • UOL

“Carvalho é um dos mais criativos, ousados e provocadores diretores da televisão brasileira”

Leia Mais

6, set — 2022

Estreia para convidados no CineSesc

  • Danilo Santos Miranda
  • Instagram

“Nos deixou a todos impactados por sua beleza artística e sua abordagem mais que necessária deste capítulo de nossa história”

Leia Mais

9, set — 2022

Primeiras impressões sobre “IndependênciaS”, minissérie da TV Cultura

  • Letícia Magalhães
  • Ambrosia

“Com algumas sequências faladas em línguas africanas e indígenas, a minissérie literalmente dá voz aos esquecidos no processo histórico.”

Leia Mais

4, set — 2022

Elenco de “Independências” vê paralelos entre Brasil atual e o do século 19

  • Matheus Pichonelli
  • Ambrosia

“Diretor da série Independências: Dom Pedro I era só um despótico”

Leia Mais

Imprensa

Principais notícias

4, set — 2022

‘Independências’ de Luiz Fernando Carvalho traz Dom Pedro 1º falível e insólito

  • Naief Haddad
  • FOLHA DE S.PAULO

“A originalidade do ponto de vista visual e narrativo, que caracteriza os trabalhos de Carvalho, é outra marca da série.(…) Nos 200 anos do grito do Ipiranga, vem a calhar um imperador insólito e falível, sem a pose de herói eternizada no quadro de Pedro Américo.”

Leia Mais

5, nov — 2022

“Independências”, de Luiz Fernando Carvalho, traz a questão: foi um golpe da elite?

  • Ubiratan Brasil
  • O ESTADO DE S.PAULO

“Com 16 capítulos que serão exibidos às quartas-feiras, a produção desde já se coloca como um dos principais lançamentos do ano. A marca dessa atemporalidade, por exemplo, está na sofisticada opção estética de Carvalho para compor as cenas.”

Leia Mais

3, set — 2022

A série que traz os personagens apagados da Independência do Brasil e que não está nem na Disney e nem na Netflix

  • Eduardo Magossi
  • VALOR ECONÔMICO

“Carvalho pretende com  série dar voz a personagens e eventos esquecidos pela história hegemônica europeia e a revisão já a partir do título, no plural”

Leia Mais

2, set — 2022

Minissérie “Independências” é revisão autoral e reflexiva do passado do Brasil

  • Bárbara Demerov
  • Veja São Paulo

“Além do estilo diferenciado e da direção que remete ao teatro, a produção já se inicia com uma personagem falando quimbundo, língua africana.”

Leia Mais

7, set — 2022

Independências: a história é essa

  • Iara Biderman
  • Quatro Cinco Um

“Minissérie de Luiz Fernando Carvalho mostra na TV aberta novas narrativas sobre o país e nosso presente repleto de passado”

Leia Mais

30, ago — 2022

Tudo sobre a série IndependênciaS, da TV Cultura

  • Ubiratan Brasil
  • RADIO ELDORADO ESTADÃO

“O programa que vai ficar para a história. Certamente é uma das melhores produções do ano”

Leia Mais

3, nov — 2021

Bicentenário da Independência: Luiz Fernando Carvalho dirige série para TV Cultura

  • Ubiratan Brasil
  • O ESTADO DE S.PAULO

“Luiz Fernando Carvalho pretende, com sua minissérie ainda sem título sobre o período da Independência, apresentar o avesso da História.”

Leia Mais

16, set — 2022

Cineasta que desafiou os limites estéticos da Globo estreia minissérie “Independências” na TV Cultura

  • Paulo Lima
  • TripFM-Spotify

“Cineasta que desafiou os limites estéticos da Globo estreia minissérie Independências na Tv Cultura”

Leia Mais

6, set — 2022

Diretor Luiz Fernando Carvalho fala sobre nova série da TV Cultura

  • Victoria Zanetti
  • Rádio Cultura Brasil-UOL

Luiz Fernando Carvalho conta como se deu seu processo de criação e como conseguiu fazer uma releitura contemporânea da história da independência do Brasil.”

Leia Mais

7, set — 2022

Independências: tudo que sabemos sobre minissérie da história ‘decolonial’ do 7 de Setembro

  • Rolling Stone

“O fato histórico, repleto de contradições, ganhará uma versão anticolonialista pela primeira vez na teledramaturgia brasileira”

Leia Mais

7, set — 2022

Onde e quando assistir “IndependênciaS”, série de Luiz Fernando Carvalho sobre a Independência do Brasil

  • Isabelly De Lima
  • Aventuras na História

“O roteiro tem como plano de fundo a pesquisa realizada pelo jornalista José Antônio Severo, que explora outros personagens fundamentais para a Independência, trazendo à tona a voz de negros, padres e mulheres.”

Leia Mais

20, set — 2021

Luiz Fernando Carvalho vai filmar a Independência do Brasil virada pelo avesso

  • Naief Haddad
  • FOLHA DE S.PAULO

“Esqueça o herói de ar altivo que grita “independência ou morte” montado num cavalo imponente. Conhecido por premiadas produções para a TV, como “Capitu”, de 2008, e “Dois Irmãos“, de 2017, e para o cinema, caso de “Lavoura Arcaica”, de 2001, Luiz Fernando Carvalho vai retratar o período da Independência do Brasil sem ufanismo, ele garante.”

Leia Mais

4, set — 2022

Série ‘Independências’ desconstrói a história oficial do 7 de Setembro

  • Lucas Lanna Resende
  • Estado de Minas

“Criada por Luiz Fernando Carvalho e Luís Alberto de Abreu, produção da Tv Cultura destaca a importância de mulheres , negros e indígenas para a autonomia do Brasil”

Leia Mais

7, set — 2022

Minissérie ‘Independências’, da TV Cultura, desconstrói mitos em mergulho na nova historiografia

  • André Guerra
  • Diário de Pernambuco

“Buscando conhecer diferentes facetas da história contada para os brasileiros há tanto tempo, Independências funciona não apenas como uma celebração dessa data mas também como uma maneira de proporcionar aos telespectadores uma conexão humana com figuras historicamente elevadas à condição de mito”

Leia Mais

29, nov — 2021

Luiz Fernando Carvalho sobre nova série: um projeto sobre branquitude e seus privilégios

  • Maria Fortuna
  • O Globo

Iluminar personagens que não tiveram reconhecimento nesse período da história é a proposta de Carvalho e seu parceiro, o dramaturgo Luís Alberto de Abreu.”

Leia Mais

7, set — 2022

A representação dos processos históricos precisa ser revista”, diz diretor de “IndependênciaS”

  • TV Cultura-UOL

“O cineasta e diretor da produção exclusiva, Luiz Fernando Carvalho, levanta pontos importantes sobre as figuras que não tiveram a devida importância reconhecida em meio a sociedade brasileira”

Leia Mais

16, ago — 2022

TV Cultura Lança Minissérie Sobre Os 200 Anos Da Independência Do Brasil

  • Flávio Ricco
  • R7

“Para Luiz Fernando, a minissérie oferecerá aos telespectadores de todo o país a consciência de acontecimentos e personagens reais que, até então, se encontravam submersos, escondidos pelo manto de uma didática tida como absoluta pela visão eurocêntrica.”

Leia Mais

16, ago — 2022

TV Cultura estreia série sobre bicentenário da Independência

  • Fábio Previdelli
  • Aventuras na História

“Resultado de um trabalho que levou um ano e meio entre pesquisa, criação e realização, “Independências” estreia justamente no dia 7 de setembro.”

Leia Mais