Sinopse

Rio de Janeiro, 1964. Após o fim de uma paixão, G.H., escultora da elite de Copacabana, decide arrumar seu apartamento, começando pelo quarto de serviço. No dia anterior, a empregada pediu demissão. No quarto, G.H. se depara com uma enorme barata que revela seu próprio horror diante do mundo, reflexo de uma sociedade repleta de preconceitos contra os seres que elege como subalternos. Diante do inseto, G.H. vive sua via-crúcis existencial. A experiência narra a perda de sua identidade e a faz questionar todas as convenções sociais que aprisionam o feminino até os dias de hoje. Baseado no romance de Clarice Lispector.

Visão do diretor

Diretor fala de aspectos do seu novo filme

A ideia do fim, diagnóstico da narrativa moderna no cinema, inaugura na personagem G.H. um tempo novo, onde o próprio tempo e espaço estão fora de si, fora das leis e da ordem, fora do campo do mundo, fora de nós. 

A experiência da paixão como elemento transgressor torna insustentável a antiga estrutura da personagem e do próprio filme em si, transformando a narrativa em uma busca por si mesma em meio a estilhaços, silêncios, giros, sair de si, voltar a si. 

O retrato da patroa G.H., desenhado a carvão pela doméstica Janair em seu quarto de empregada expõe fissuras sociais, vereditos morais e civilizações ancestrais. O fluxo avança atravessando vários gêneros narrativos, que evocam, pouco a pouco, fragmentos que nos remetem à uma carta cifrada. Uma carta de amor? Uma carta de despedida do mundo? Toda paixão é uma cerimônia de adeus e, ao mesmo tempo, um renascimento.