A ideia do fim, diagnóstico da narrativa moderna no cinema, inaugura na personagem G.H. um tempo novo, onde o próprio tempo e espaço estão fora de si, fora das leis e da ordem, fora do campo do mundo, fora de nós.
A experiência da paixão como elemento transgressor torna insustentável a antiga estrutura da personagem e do próprio filme em si, transformando a narrativa em uma busca por si mesma em meio a estilhaços, silêncios, giros, sair de si, voltar a si.
O retrato da patroa G.H., desenhado a carvão pela doméstica Janair em seu quarto de empregada expõe fissuras sociais, vereditos morais e civilizações ancestrais. O fluxo avança atravessando vários gêneros narrativos, que evocam, pouco a pouco, fragmentos que nos remetem à uma carta cifrada. Uma carta de amor? Uma carta de despedida do mundo? Toda paixão é uma cerimônia de adeus e, ao mesmo tempo, um renascimento.