Erika Januza
“Na época dos testes, eu trabalhava em uma escola, em Contagem (MG). Um dia eu estava deletando e-mails e resolvi abrir um: ‘Precisa-se de negras entre 18 e 24 anos para uma campanha publicitária’. Só uma foto, não custa nada. Mandei, mas nem fazia ideia do que era. Aí o rapaz me ligou e falou: ‘O pessoal gostou da sua foto, você pode ir na Praça da Liberdade, dia tal, hora tal’. Foi superinformal, uma camerazinha, perguntou meu nome, o que eu fazia, se eu gostava de funk. Depois que eu já tinha conversado, ele falou que o projeto era uma série da Globo. Quase um mês depois, ele me ligou: ‘Queria te informar que você é a nova protagonista da minissérie’. Eu estava na escola, saí da sala da diretora e abracei a minha mãe. Foi uma choradeira. Há muita coincidência na história da Conceição com a minha vida. Da história do baile funk, de concurso. Meu sonha é pisar na Sapucaí, e ela vira rainha de bateria. Eu lia a história chorando. Um monte de coisa acontecendo igual à minha vida”
Fabricio Boliveira
“Suburbia teve muita gente nova, atores maravilhosos. Esse frescor. Meu personagem é um cara que não reclama da vida. Ele soluciona. Começa um garoto supertímido, com essa persona de alguém que perdeu muito. Ele tenta se abrir na vida, só que a vida o leva para outro lugar. É esse menino atrás do eu. E eu incorporei essas personas inteiras que eu fui na minha vida. De garoto gago, tímido, de aparelho, de óculos, para o garoto já mais bem resolvido, mais seguro, para o homem com outro comportamento, menos agressividade, mais observação. Acho que o Cleiton é um pouco desse mito humano, da saga, dessas fases todas que a gente passa na vida, de uma construção de uma persona, de uma construção de identidade. Acho que o Cleiton representa essa saga do humano em busca do eu”
Haroldo Costa
“Eu costumava dizer que, quando tinha anúncio de uma novela de época, os atores negros faziam assim: ‘Opa! Vai ter lugar, nem que seja no pelourinho’. Porque no momento não tem., é exceção. O juiz, o farmacêutico, o médico negro são muito distantes da realidade, quando a realidade é outra. Acho que Suburbia focaliza o que eu chamei de uma fábula inter-racial. Suburbia mostrou pela primeira vez um núcleo de família negra. Em geral, tem negro, mas ninguém sabe quem é o pai, não tem filho, avô, neto,e stá solto lá, como um E.T. Esse não. É um núcleo onde tem pai, mãe, genro, filho, neto”