Luiz Fernando Carvalho é cineasta, diretor de televisão e roteirista. Sua obra dialoga com várias outras manifestações artísticas, especialmente a literatura brasileira, e é identificada, a cada trabalho, pela constante reinvenção da linguagem e rompimento estético com os modelos oficiais.
Parte da crítica compara o trabalho do diretor ao movimento do Cinema Novo e a alguns dos cineastas mais importantes da história do cinema, como Andrei Tarkovski e Luchino Visconti. O esforço do realizador parece ser sempre o de dar visualidade para um mundo esquecido na memória, no tempo e no espaço – guiado por uma sincera inquietação artística e pela investigação da identidade cultural do Brasil.
Estudante de Arquitetura e Literatura na universidade, o cineasta já filmou romances de grandes escritores como Raduan Nassar (Lavoura Arcaica), Ariano Suassuna (A Farsa da Boa Preguiça e Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue Vai-e-Volta), Milton Hatoum (Dois Irmãos), Machado de Assis (Dom Casmurro), Roland Barthes (Fragmentos de um Discurso Amoroso), Eça de Queirós (Os Maias), Clarice Lispector (Correio Feminino), José Lins do Rego (Riacho Doce) e Graciliano Ramos (Alexandre e Outros Heróis).
O processo colaborativo é um dos pilares fundamentais do trabalho do diretor, que desenvolveu um método a partir do cruzamento de várias linguagens, desde os procedimentos teatrais, passando pelas investigações do corpo e da dança até o trabalho com as máscaras da commedia dell’arte e os rituais xamânicos dos povos indígenas brasileiros.
Em todos as suas obras, desde seu primeiro longa-metragem, equipe e elenco vivenciam juntos o processo criativo em um galpão. Para o diretor, uma pessoa sempre saberá menos sobre algo que outra e, portanto, todos podem aprender e influenciar uns aos outros. O grupo criador é encorajado a atuar como co-autor da história a ser narrada.
Nascido no Rio de Janeiro, em 1960, Luiz Fernando Carvalho teve sua formação em cinema como autodidata, frequentando a Cinemateca do MAM em seu áureo período, onde assistia repetidas vezes às grandes obras do cinema mundial. A cada sessão, o diretor anotava em seu pequeno caderno suas reflexões. Eram observações sobre várias questões: luz, atuação, enquadramentos e montagem – elementos fundadores de sua obra.
Luiz Fernando Carvalho estreou como diretor e roteirista aos 24 anos com o curta-metragem A Espera, premiado com Concha de Oro no Festival Internacional de Cine de San Sebastián (Espanha), Melhor Curta no Festival de Gramado e Prêmio Especial do Júri no Festival de Ste Therèse (Canadá).
Em 2001, lançou seu primeiro longa-metragem, Lavoura Arcaica, sucesso de crítica e público, que estreou no circuito com apenas duas cópias. O filme recebeu mais de 50 prêmios internacionais e nacionais: Melhor Contribuição Artística do Festival de Montreal, Prêmio Especial do Júri em Biarritz, Melhor Filme Crítica e Público no Festival Internacional de Cinema Independente de Buenos Aires, Prêmio Especial do Júri do Festival de Havana, entre outros.
Na televisão, o diretor realizou projetos que marcaram a história com enorme repercussão de crítica e público, como as minisséries Os Maias, Capitu, Suburbia, A Pedra do Reino, Correio Feminino e Afinal, o Que Querem as Mulheres? e as novelas O Rei do Gado, Renascer, Meu Pedacinho de Chão e Velho Chico, finalista do International Emmy Awards. Entre as inúmeras séries que criou e/ou dirigiu, estão também Hoje é Dia de Maria, Alexandre e Outros Heróis e O Auto da Nossa Senhora da Luz, (finalistas em diversas categorias do International Emmy Awards); Os Homens Querem Paz (finalista do The New York Festivals) e Giovanna e Enrico (selecionada como Hors Concours no Festival Banff).